"essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura" C. Bukowski
De acordo com o dicionário de língua portuguesa, a loucura pode ser definida como “distúrbio ou alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir”.
O “ser louco” faz parte de toda uma discussão que abrange algumas ciências. Para a Filosofia esta condição depende da sociedade em que se vive, do momento histórico e da cultura vigente. O que é “loucura” no Brasil, por exemplo, pode não ser numa cultura completamente diferente como nas tribos africanas.
No âmbito jurídico a insanidade mental acarreta na aplicação da lei de modo diferenciado, pois se pressupõe que a relação com a lei, estabelecida pelo “louco”, não é a mesma que a estabelecida pela pessoa “normal”. Assim as sanções devem ser aplicadas considerando-se esses aspectos. (afinal todos sonos louco, nenhum ser é normal suficiente para receber a classificação de normal, ninguém esta dentro das normas de perfeição.)
Para a medicina, mais especificamente a psiquiatria, a loucura é resultante de alguma doença mental. Nessa visão fica implícito que há o normal e o patológico como campos distintos, sendo que cada estado tem suas determinadas características. A loucura para essa ciência é diagnosticada por profissionais da área. O tratamento está baseado na supressão dos sintomas e na contenção do paciente que se encontra em surto.
De modo distinto à Medicina, para a Psicanálise a “loucura” não parte do pressuposto da divisão entre o normal e o patológico. Freud psicanalista, afirma que a loucura faz parte de cada um de nós e está de certa maneira no inconsciente e os “loucos” são aqueles que não resistiram a uma luta que é uma constante à todos nós na relação com o que é inconsciente. ( A luta de uma vida perfeita acaba que alguns indivíduos não aguentem a pressão externa dessa vida e acabam explodindo “ficando loucos”, se tornando uma fuga)
Jacques Lacan, outro psicanalista bastante influente, considera: "Longe de ser a loucura o fato contingente das fragilidades de um organismo, ela é a virtualidade permanente de uma falha aberta na sua essência. Longe de ser para liberdade 'um insulto', ela é sua mais fiel companheira, ele segue seu movimento como uma sombra. E o ser do homem não pode ser compreendido sem sua loucura, assim como não seria o ser do homem se não trouxesse em si a loucura como limite de sua liberdade."
Finalizando, para a Psicanálise, o que se chama de loucura, o delírio, as alucinações, são elementos que são bastante valorizados para o trabalho. Assim, eles não devem ser eliminados ou suprimidos, mas sim integrados no trabalho, pois podem ser considerados como uma tentativa de cura, já que expressam a subjetividade.
Para a sociedade em geral, acredito que não basta afastar os “loucos” excluindo-os do trabalho, da escola e, principalmente, da convivência familiar. A loucura sempre fez e fará parte da vida humana, sendo uma propriedade desta. Não há quem se diga normal, se diz este esta extremamente enganados, pois todos somos loucos!
Olá! Interessantes suas colocações. Geralmente, os sofredores psíquicos pugnam pelo direito de existir. Abç!
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